Quando organizei nossa casa pensei em tudo que já havia
visto em outras casas e nas duas que frequentei com muito amor e respeito. Além
disso estudei muito e analisei o que terreiras antigas faziam que se perdeu no
tempo e que eram a essência de nossa religião.
Escutei o que minha mãe relatava sobre o trabalho de anos de meu avô
na religião, tanto o que deu certo, mas principalmente o que deu errado. Leve
sempre a sério, pois a religião não é lugar para brincadeira diz ela
constantemente.
Quem conhece minha mãe sabe que ela é evangélica atuante,
mas com um coração enorme que irradia luz e energia para quem conversa com ela.
Tem uma força em suas orações que impressiona. E por isso sua opinião é levada
muito a sério, pois tem uma grande sabedoria e serenidade.
O que vou dizer abaixo não se deve ser encarado como uma
critica ou algo semelhante, é somente aquilo que acredito e nem por isso
desmerece outras casas, pelo contrário, estabelece o livre arbítrio de fazer
religião do jeito que me faz feliz, ou seja, ninguém é obrigado a seguir isso,
mas ao meu lado será assim, pelas experiências que tive e por aquilo que me faz
feliz. Cada um faz do jeito que acredita, só isso!
Nos anos que andei por inúmeras casas vi pessoas que na
terreira se sentiam donos do mundo, por terem muitas guias, roupas caras, etc. Com
o tempo, percebi que quando a coisa aperta não conseguem nem se proteger! Vi
que aqueles que tem muita fé, tem uma enorme força com uma simples vela!
Tive certeza que as “melhores” casas são aquelas que todos
trabalham, que todos crescem e evoluem. São casas que não centralizam no pai de
santo tudo que será feito ou que acontece. São casas que não tem só um sol, mas
diversas estrelas.
Contudo, alguns acreditam que a casa só é boa, se o Pai de
Santo faz tudo! Ou seja, não promove a confiança na energia dos outros filhos. Todos
tem seu valor. Todos devem ter energia.
Por isso, quando um pai de santo morre, algumas casas entram
em desespero, pois a vida toda todos dependiam dele em tudo. Ninguém sabe
fazer nada! E não se deve ser assim. O Pai de santo deve estar orientando,
ajudando em situações mais complicadas, mas todos da corrente devem estar
ajudando naquilo que no momento tem condições. E Todos devem aprender, para um
dia serem líderes de nossa religião.
Desta forma, o Pai
de santo não vive da religião, mas vive para a Religião.
O que vi que me emocionou? Vi casas onde todos tinham luz,
onde todos trabalham em função da evolução e não se perdem na inveja, no egoísmo
e nem em magoas por não qualquer que seja o motivo. O foco principal é
vencermos e evoluirmos.
Vi casas que quando o Pai de santo fica doente, os irmãos
assumem e usam aquilo que o mestre passou para que a casa continue trabalhando,
ajudando as pessoas, e inclusive a o próprio Pai.
Meu Pai terreno cuidou de mim desde pequeno. Me levou em médicos,
me ensinou, me ajudou, me deu carinho e tudo que precisei durante anos de minha
vida. Isso me fez ser o que sou!
Hoje o ajudo, porque isso é a natureza da vida. Hoje ele
recebe de mim tudo que ensinou e em nenhum momento, por eu estar fazendo isso,
o respeito deixou de existir.
Mesmo eu o ajudando, ele continua SENDO MEU MESTRE.
Isso demonstra algo que a Umbanda vem perdendo: a Humildade
e o respeito.
Quantas vezes ouvimos de médiuns ou assistidos: quero ser
atendido, mas só pelo Pai de Santo! Eu respeito somente o Pai de santo e o orixá
dele!
A pessoa que faz isso já demonstra falta de humildade e
respeito pelas entidades de todos da casa. Todos são importantes. Todos estão
para ajudar.
Na última sessão, minha mãe estava bem nervosa, em função de
minha irmã estar se separando. Ela estava triste! Pediu um passe para mim!
Olhei para o médium que percebi estar mais atento, mas concentrado, mais
emocionado naquele dia de trabalho, e me deparei com a médium mais nova da
casa.
Não tive receio, pelo contrário, tive certeza de que aquela
filha, a mais nova, era a pessoa adequada a cuidar da minha mãe, da mãe
terreira do pai de santo. E ela foi muito bem atendida.
No outro dia ela me relatou: senti enorme luz e me sinto
nova.
Bom, isso é a filosofia de nossa casa! É de acreditar em
todos! O Pai de Santo, que sou eu, sempre terá a responsabilidade e o respeito
por aquilo que representa. Estará sempre presente, mas sempre motivando os
demais filhos a desenvolver suas habilidades e promover a evolução.
Eu sou Pai de Santo faz 7 anos, e confio totalmente nos meus
filhos (aqueles que seguem minhas orientações e sabemos quem são) e entregaria
minha família para qualquer um deles, se um dia precisar.
Isso porque transmito meu fundamento com amor e respeito.
Axé a todos. Pai tito.
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