A história
A Escrava Anastácia era dotada de rara beleza, tinha os
olhos azuis, era muito inteligente e tinha o dom da cura, ela apenas impunha as
mãos, e as doenças desapareciam. Foi perseguida e contestada pela igreja
católica.
A beleza e a inteligência de Anastácia incomodavam a mulheres das
Minas Gerais que também a perseguiam por inveja. Os homens a perseguiam
querendo dela tirar proveitos sexuais. Mas Anastácia era protegida pelo senhor
Joaquim Antônio, o filho da dona do Engenho, a Srª Joaquina Pompeu, e então,
este não lhe permitia qualquer tipo de maldade.
Mas Joaquim Antônio estava há
muito apaixonado por Anastácia, e começou a assediá-la, rogando o seu amor que
é negado. A escrava dizia: "Nenhum homem branco será capaz de amar
Anastácia!"
Então, o senhor movido pelo ódio diz: "Negra maldita!
Ninguém mais verá a tua beleza!". E manda que se coloque em Anastácia uma
máscara em sua boca (máscara de flandes – utilizada nos escravos nas minas de
carvão para que não engolissem as pepitas de ouro) e também o colar de ferro
dos negros fujões.
Anastácia vive assim durante anos, só sendo permitida a
retirada da máscara para sua alimentação. Os anos passam e a escrava adoece
gravemente, e mesmo antes de morrer ela é capaz de curar o filho do senhor de
engenho que tem uma doença pulmonar grave. A seguir a Escrava Anastácia morre
tomada pela gangrena em seu pescoço e boca. Então a partir desta data se
espalha por quase todo o país os fatos que ocorreram, permanecendo até os dias
de hoje os relatos de promessas e curas alcançadas.
História de uma princesa Bantu (a sua história)
Versão extraída do livro "Anastácia - escrava e mártir
negra", de António Alves Teixeira (neto) da editora Eco. Descoberto que foi o Brasil, em 1500 vieram logo os primeiros colonizadores e os primeiros governantes, necessário se fazia, desde então o desenvolvimento da terra, especialmente a lavoura. Daí o terem vindo os célebres Navios Negreiros aprisionando os pobres negros africanos, para aqui serem entregues como escravos e vendidos.
Eram os infelizes negros oriundos da Guine, Congo e Angola.
Entre eles veio Anastácia uma princesa Bantu, destacando-se pelo seu porte
altivo, pela perfeição dos traços fisionómicos e a sua juventude.
Era bonita de dentes brancos e lábios sensuais, olhos azuis
onde se notava sempre uma lágrima a rolar silenciosa. Pelos seus dotes físicos,
presume-se tenha sido aia de uma família nobre que ao regressar a Portugal, a
teria vendido a um rico senhor de Engenho. Pelo seu novo dono, foi ela levada
para uma fazenda perto da Corte, onde sua vida sofreu uma brutal transformação.
Cobiçada pelos homens, invejada pelas mulheres, foi amada e
respeitada por seus irmãos na dor, escravos como ela própria bem como pelos
velhos que nela sempre encontraram a conselheira amiga e alguém que tinha
"poderes" de cura para os males da alma e corpo.
Estóica, serena, submissa aos algozes até morrer, sempre
viveu ela. Chamavam-na Anastácia pois não tinha documentos de identificação,
por ela deixados na pátria distante. Trabalhava durante o dia na lavoura, certo
dia veio a vontade de provar um torrão de açúcar. Foi vista pelo malvado do
feitor que, chamando-a de ladra, colocou-lhe uma mordaça na boca. Esse castigo
era infame e chamara a atenção da Sinhá Moça, vaidosa e ciumenta que ao notar a
beleza da escrava, teve receio que seu esposo por ela se apaixonasse, mandou
colocar uma gargantilha de ferro sem consultar o esposo.