“Obá tornou-se a terceira mulher de Xangô, pois ela era forte e corajosa.
A primeira mulher de Xangô foi Iansã que era bela e fascinante.
A segunda foi Oxum, que era vaidosa. Uma rivalidade logo se estabeleceu entre Obá e Oxum. Ambas disputavam a preferência do amor de Xangô. Obá procurava, sempre, surpreender o segredo das receitas utilizadas por Oxum quando esta preparava as refeições de Xangô.
Esta era jovem e elegante Obá era mais velha e usava roupas fora de moda. Nem chegava a se dar conta disto, pois pretendia monopolizar o amor de Xangô. Com este objetivo, sabendo o quanto ele era guloso, procurava surpreender os segredos das receitas na cozinha, utilizadas por Oxum quando preparava as comidas de Xangô, Oxum, irritada, decidiu pregar-lhe uma peça.
Um belo dia pediu-lhe que viesse assistir um pouco mais tarde a preparação de um determinado prato, que segundo ela disse maliciosamente, realizava maravilhas junto a Xangô, o esposo comum.
Obá apareceu na hora indicada. Oxum tendo a cabeça atada por um pano que lhe escondia as orelhas, cozinhava uma sopa, na qual boiava dois cogumelos.
Oxum mostrou-os a sua rival, dizendo-lhe que havia cortado as próprias orelhas e colocando-as para ferver na panela, a fim de preparar o prato predileto de Xangô. Este chegando logo depois tomou a sopa com apetite e deleite e retirou-se gentil e apressado na companhia de Oxum.
Na semana seguinte era a vez de Obá cuidar de Xangô e ela decidiu por em prática receita maravilhosa. Cortou uma das orelhas e a cozinhou em uma sopa destinada a seu marido. Este não demonstrou nenhum prazer em vê-la com a orelha decepada e achou repugnante o prato que lhe serviu.
Oxum apareceu neste momento, retirou seu lenço e mostrou que as suas orelhas jamais haviam sido cortadas, nem devoradas, por Xangô. Começou então a caçoar da pobre Obá, que, furiosa, precipitou-se sobre sua rival. Seguiu-se uma luta corporal entre elas. Xangô, irritado, fez explodir seu furor.
Oxum e Obá, apavoradas, fugiram e transformaram-se nos rios que levam seus nomes. No lugar da confluência dos dois cursos de água as ondas tornam-se muito agitadas em consequência da disputa das duas divindades pelo amor de Xangô.”
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